…pelo tempo, dois destinos, duas formas de amar… Cantava o Toy no tema daquela telenovela “Olhos de água”. Uma série em que uma actriz toda grossa (daquelas que só apetece trancar à canzana e aos uivos) conseguia o milagre da multiplicação do grelo: em vez de uma, era duas ao mesmo tempo, boas como a rata de pêlo molhadinho e morno.
Pois, duas vidas separadas. Nasci no
Uns anos depois, já a vida nos tinha posto muita cona pela frente, e cuzinho também, para não falar das goelas, fui viver para Techamuchete, para aí iniciar a minha actividade no Diabo do Cunene, jornal anarquista clandestino. Mas sempre arranjava tempo para me encontrar com o meu amigo Ramalho Rijo. Foram muitas cavalgadas nocturnas com gretas assanhadas, fodemos centenas, modéstia à parte, mas a idade também ajudava.
Espalhámos a semente muitos anos até que a mobilização para a guerra nos separou. Na fuga apressada para Portugal, perdemos contacto. Até recentemente, quando num jantar de ex-combatentes em Moscavide fui surpreendido por um: “Caralho, ó Minetes!” (minha alcunha de então). Era o meu amigo Rijo…
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