terça-feira, 25 de março de 2008

As pessoas

Amigos...

Não temos nada contra a política nem contra os políticos, muito menos contra os partidos.

Não temos nada contra o actual governo especificamente, a não ser as suas evidentes trapalhadas. Mas este governo é apenas mais um, pouco diferente dos anteriores, e todos parecem ser incapazes de mudar de abordagem e de soluções.

Estamos é contra a pobreza que cresce, as dificuldades que sufocam, os empregos inseguros e mal pagos, os sonhos destruídos, as responsabilidades opressoras.

Caro Pintinho, muito agradeço o seu apoio, sempre desconfiei que como nós não gostasse do cinzentismo em que estamos.

Caro Kaos, lá chegaremos. Mas para quê as greves se depois os telejornais as reduzem a uma guerra de números entre sindicatos desactualizados e um governo tecnocrata? Ou manifestações em que estão presentes sobretudo os que AINDA PODEM ter o luxo de um telemóvel, um computador, um carro ou dinheiro para vir a Lisboa? Sim, é pouco. Mas a verdadeira mudança teria de vir por baixo, dos que não têm partido, dos que não querem tachos, dos que pagam impostos e trabalham. Panos pretos, ícones pretos, é pouco. Mas responder como sempre se respondeu às crises parece-nos pouco inovador e destinado a fracassar.

Caro Crypt keeper, dou-lhe já um exemplo de alguém na oposição com maior credibilidade que o actual governo:

- O idoso que enche o cesto de atum a 0,49 € e provavelmente não deve comer mais nada;

- O jovem mecânico, com a mulher desempregada, que tem dois filhos, uma casa e um carro e mesmo fazendo horas consegue apenas 600 € por mês;

- O filho de angolanos que entrou este ano para a escola e todos nós sabemos vai ser aluno de um professor desmotivado, de uma escola dos subúrbios com problemas de indisciplina e violência, que resultarão num jovem irado e sem referências, sem esperança e infelizmente sem futuro.

E por aí fora, pessoas que não estão contra este governo, que não têm partido, mas que vivem as dificuldades e vêem os governos insensíveis ao seu drama.

O problema não é substituir este governo por outro qualquer, é levar este governo e estes políticos a redefinirem as prioridades, a terem mais sensibilidade social, a perceberem que o mundo em que eles vivem não é mundo em que nós vivemos.

Por mais perfeitos que sejam os números de um estudo ou de uma estatística nada chega à mãe que prescinde de uma consulta médica para poder pagar outra ao filho, no privado porque o público quase ausente assim a obriga, e deixa progredir um cancro silencioso.

O problema é este: é que falar destas coisas já não é ter ideais, acreditar na mudança.

Quer apostar que, até você talvez, dirá que é pura demagogia?

2 comentários:

Tá-se bem! disse...

Amigo malho, recebi um e-mail de chamada de atenção para um luto nacional marcado para 22 e 23 de Maio, em protesto ao governo.

Será esta a vossa ideia?!

Abraços solidários

JPinto disse...

Apoiado "grande" Malho!
Quem fala assim não é gago!

Passem pelo Carimbo Azul porque já nos começaram a dar música!