FERVE e Precários-Inflexíveis calados no “Prós e Contras”
Foi divertido ir ao programa “Prós e Contras” de ontem. Passo a explicar: fui convidado a ir ao dito programa, para falar em nome dos Precários-Inflexíveis (PI-precariosinflexiveis.blogspot.com).
Quando cheguei ao local (Casa do Artista, na Pontinha) conduziram-me aos camarins e disseram-me numa escada de acesso que afinal não iria falar. Havia muita gente para falar e a apresentadora teria decidido que falaria apenas um dos representantes de um dos movimentos anti-precariedade convidados para o programa, no caso o movimento Fartos/as d'Estes Recibos Verdes (FERVE – fartosdestesrecibosverdes.blogspot.com).
Naquele momento ou desistia e ia para casa ou tentava intervir no programa. Afinal, perdera muito tempo a preparar-me para ali estar, em prejuízo do meu trabalho. E havia demasiada gente com muita expectativa no que eu iria dizer. Fazer de jarra decorativa é que não me pareceu aceitável.
Combinei com o representante do FERVE que mal ele acabasse de falar me passaria a palavra e o microfone, dizendo que falaria eu do MAYDAY, a segunda parada anual anti-precariedade. Eu só queria dizer em poucos segundos uma data (1 de Maio) uma hora (uma da tarde) e um ponto de encontro (Largo Camões). E claro que nem ali estaria no auditório da Casa do Artista se não tivesse sido convidado para falar.
O representante do FERVE falou e saiu do auditório pouco depois, porque foi ignorado pelos convidados e pela apresentadora, não tendo ninguém respondido às questões que colocou. E eu fiquei à espera de pé, com o microfone na mão. Longos minutos. Até que me convidaram a sair e abandonei o programa acompanhado por outros membros do PI. A apresentadora ainda teve tempo para mentir, dizendo que eu não fora convidado. Enfim, que dizer? É óbvio que fui convidado, com vários dias de antecedência.
O que se passou até acabou por ser divertido e apenas mostra que movimentos como o FERVE e o PI estão a tornar-se incómodos, porque o que dizemos tem cada vez mais eco.
A precariedade é uma bomba-relógio social que acabará por rebentar nas mãos de muitos dos que dela se aproveitam.
E seremos muitos a mostrar que não nos calamos, seremos muitos a mostrar como fazemos a luta e a festa ao mesmo tempo:
no dia 1 de Maio, a partir da uma da tarde, no Largo Camões em Lisboa.
João Pacheco,
jornalista e membro dos Precários-Inflexíveis.